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A Luta (1975) de Norman Mailer: Sinta o Impacto de um Peso Pesado

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Mailer não é uma ‘piada ruim’ – Ele escreve com uma franqueza audaciosa estranha aos ‘caras legais’ de hoje


Recentemente, Norman Mailer foi rotulado como “uma piada ruim” por alguns críticos. No entanto, Mailer, com uma obra tão grande, ousada e brilhante quanto o século americano que o viu nascer, não pode ser descartado facilmente. É preciso defender Mailer nos dias de hoje, oferecendo uma perspectiva sobre o seu livro clássico “A Luta” (1975) e seu estilo literário distintivo.

Desafiando os Críticos

Não há dois tipos de leitores que eu possa imaginar amando “A Luta” tanto quanto eu: aqueles que têm interesse em boxe e todos os outros. A narrativa de Mailer sobre o combate de pesos pesados de 1974 em Zaire entre Muhammad Ali e George Foreman possui toda a tensão dramática de um romance, mesmo que saibamos como tudo vai terminar. Mailer não é um observador impessoal: “Agora, nosso homem sábio tinha um vício. Ele escrevia sobre si mesmo. Não apenas descreveria os eventos que viu, mas o pequeno efeito dele nos eventos.”

A Grandeza da Prosa de Mailer

Não é à toa que Mailer tem tanta simpatia por esses titãs: ele também caiu algumas vezes. Sua reputação foi prejudicada por uma geração literária de ‘Caras Legais’ americanos que o ridicularizaram, assim como a seus pares, como os Grandes Narcisistas Americanos. No entanto, com uma escrita tão incandescente, é possível aguardar com confiança que o gosto público volte a se alinhar. Desde o primeiro parágrafo, a prosa pugilística de Mailer sai lutando para marcar a glória humana de Muhammad Ali: “As mulheres prendem a respiração audível. Os homens olham para baixo. Eles são lembrados mais uma vez de sua falta de valor.”

O Universo Masculino e a Coragem de Mailer

O aroma de testosterona está presente, sem nenhuma mulher à vista, enquanto Mailer explora ambos os campos nas semanas que antecedem a luta, bebendo e conversando com Don King, Hunter Thompson, Joe Frazier. Mailer percebe que não está lá apenas para cobrir uma luta. Com uma franqueza audaciosa que é estranha aos escritores de hoje que andam em cascas de ovos, ele explora “seus próprios sentimentos desproporcionais de amor e – poderia ser? – ódio pela existência dos negros na Terra”. A própria luta é como se fosse um choque que abala o planeta entre dois deuses negros. Não é surpresa que Mailer tenha tanta simpatia por esses titãs: ele também caiu algumas vezes, mas só escrevia como um peso pesado.

Mailer sobre Mailer: Uma Vida Literária Brilhante e Controversa”

Norman Mailer, uma das figuras literárias mais proeminentes de nossa época, recebeu reconhecimento amplo ainda em vida tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. Sua carreira na literatura é notável por sua brilhanteza, variedade, controvérsias, natureza pública, prolífica e muitas vezes mal compreendida. Poucos escritores americanos tiveram suas carreiras tão expostas ao escrutínio público por um período tão longo.

Uma Breve História de Norman Mailer

Nascido em Long Branch, New Jersey, em 1923 e criado no Brooklyn, Mailer se formou na Boys High School em 1939 e ingressou em Harvard no outono do mesmo ano, quando o exército alemão marchou sobre a Polônia. Ele obteve seu diploma de S.B. com honras em engenharia em 1943 e no início de 1944 teve que se apresentar ao exército. Serviu como soldado no Pacífico Sul e escreveu o best-seller monumental “THE NAKED AND THE DEAD” (1948), baseado em suas experiências. Com essa obra, ele se tornou famoso instantaneamente e permaneceu no centro da consciência cultural nacional desde então.

Uma Figura Complexa e Prolífica

Mailer não apenas publicou 39 livros (incluindo 11 romances), mas também escreveu peças teatrais (e as encenou), roteiros de cinema (e dirigiu e atuou neles), poemas (no THE NEW YORKER e em revistas underground) e experimentou todos os tipos de formas narrativas, inclusive algumas que ele inventou. Sua contribuição para o “novo jornalismo” dos anos 1960 inclui as suas colunas na ESQUIRE, ensaios e reportagens políticas. Ele cobriu seis conjuntos de convenções políticas (1960, 1964, 1968, 1972, 1992, 1996), participou de dezenas de simpósios, apareceu e debateu centenas de vezes em campi universitários, boxeou (e lutou) em vários locais e levou uma vida pública vigorosa em Nova York e Provincetown, Massachusetts, onde reside atualmente.

O Legado Literário de Mailer

Norman Mailer é uma figura profética, cheia de preocupações sobre a vida contemporânea, celebrando o intuitivo e instintivo enquanto critica a ganância corporativa, a artificialidade e a exploração da natureza. Suas discordâncias com as feministas são lendárias e suas obras frequentemente trazem estilo literário obsessivo e profundo, onde a forma da frase se torna parte integral da história.

Considerações finais sobre a luta de Norman Mailes

A carreira de Norman Mailer é uma tapeçaria rica e multifacetada que abrange desde romances inovadores até incisivas reportagens políticas. Ele tem sido uma figura influente e controversa na literatura e na vida pública, deixando um legado impressionante. Sua ousadia, criatividade e natureza provocadora continuam a inspirar e desafiar leitores e escritores até os dias de hoje.

“A Luta” de Norman Mailer é uma obra literária que vai além da cobertura esportiva. É uma exploração das complexidades da condição humana, repleta de uma franqueza emocional que desafia as convenções contemporâneas. Se você está procurando um livro que não apenas traga a intensidade do boxe, mas também mergulhe nas profundezas da experiência humana, eu recomendo fortemente “A Luta”. Através das palavras audaciosas de Mailer, você sentirá o impacto de um peso pesado tanto no ringue quanto na mente.


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Modificada pela última vez em 12/08/2023 14:43

Rodrigo Goldstein

Formado em comunicação social, com especialização em cinema pela UFF, Rodrigo trabalhou nas áreas de artes plásticas, publicidade, arquitetura e engenharia ambiental. Tem formação em pós graduação na Alemanha em mídias eletrônicas.

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